A população brasileira, de forma geral, não possui bons hábitos bucais. Problemas como cáries, doenças na gengiva, problemas de bruxismo e ATM afetam muitas pessoas em todo o país, e o panorama não é nem um pouco diferente em relação às pessoas com deficiência.
De acordo com Matheus Racy Mariusso, cirurgião-dentista especialista em odontopediatria e atendimento a pacientes com deficiência e/ou com necessidades específicas, o quadro de cada paciente com deficiência deve ser analisado de forma particular, mas afirma que um dos maiores agravantes para a saúde bucal destas pessoas é a demora pela procura ao atendimento.
O especialista desenvolveu uma tese de mestrado que, através da percepção dos pais e/ou de seus cuidadores, apontou a influência da saúde bucal na qualidade de vida dessas pessoas em diferentes aspectos. Alguns pacientes passaram a faltar na escola e até mesmo perderam a qualidade no sono por conta de dores nos dentes, algo que comumente passa despercebido pelos pais e responsáveis.
“Muitas vezes os pais não notam os problemas bucais de seus filhos por estarem muito sobrecarregados, e algumas vezes escovar os dentes ou verificar se ele está com algum problema na boca acaba ficando para trás. Mas vimos que é um aspecto que merece atenção, devemos conscientizar as famílias e fazer com que procurem ajuda, elas precisam de parceiros que somos nós, os dentistas”, diz.
Dentro do consultório
O doutor Matheus durante um atendimento (Foto: Divulgação)
Durante sua pesquisa de mestrado percebeu que as pessoas com deficiência procuram atendimento odontológico após os 20 anos, o que é muito prejudicial para a sua saúde bucal, pois nesta idade a pessoa já passou por um processo de transformação muito grande, e o consultório odontológico é um ambiente naturalmente traumático para a sociedade, principalmente para quem nunca teve uma experiência prévia no dentista.
Diante deste panorama, Matheus defende que a inclusão da pessoa com deficiência no consultório deve ser trabalhada com as famílias, e que os cirurgiões-dentistas devem conhecer os seus pacientes.
“No caso dos autistas é importante realizar uma consulta com a família para saber o histórico do paciente em consultas odontológicas, como costuma ser o seu comportamento e descobrir as peculiaridades do paciente para que elas possam ser respeitadas. Caso ele tenha medo de alguma coisa específica eu consigo trabalhar este ponto previamente, posso pedir para a família trazer os seus brinquedos, por exemplo”, diz.
Outra dica do especialista é que, para conhecer ainda mais o paciente, é importante que o dentista trabalhe com os demais profissionais que atuam com ele, como os neurologistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, entre outros, a fim de entender como é o seu desenvolvimento em outras áreas e trazer essas informações para dentro do consultório.
Por: Leticia Leite
Fonte: http://www.acesseportal.com.br/2017/06/03/especialista-alerta-sobre-cuidados-com-a-saude-bucal/