Confesso que ainda fico impressionado como os olhares dos pais podem me falar tanto. Na minha rotina clínica como cirurgião dentista é de extrema importância conhecer o histórico do paciente, as condições físicas e de saúde bucal e geral; e com esse objetivo mergulhamos em perguntas, questionamentos, anamneses, exames… Porém, muitas vezes, a resposta que eu quero vem do olhar dos pais. O olhar para mim, o olhar para os filhos, o olhar para o companheiro (a), o olhar para o acompanhante e para tudo que está acontecendo ao redor.
Quando o filho tem síndrome de Down esse olhar vem ainda carregado de medos, anseios, expectativas e dúvidas. E consigo ler ali, a pergunta que muitas vezes as mães acabam por expressar verbalmente também: “Meu filho tem síndrome de Down. E agora Dr.?”. Essa pergunta surge muitas vezes a partir da falta de informação ou também de experiências prévias negativas, além de estar intimamente relacionada a todo o período de adaptação da família a esta nova realidade.
Neste momento, treino também meu olhar para poder dizer aos pais sem muitas palavras: “vai dar tudo certo”. Por que acredito e quero que todos acreditem que vamos conseguir o melhor. Se seu filho tem síndrome de Down ou não, vai dar tudo certo. Nesse ambiente que conseguimos construir alicerces fundamentais para o sucesso do tratamento: confiança, carinho, parceria e empatia.
Alicerces, estes, que ajudam, também, diretamente no desenvolvimento e inclusão social da pessoa com Síndrome de Down. E por isso temos que reforçar a cada momento para os pais transformarem todo este olhar de dúvidas e incertezas em um olhar de otimismo e apoio. E é impossível neste momento não relembrar de um dos maiores ensinamentos de Mathew Jacobson: “Atrás de cada criança que acredita em si mesma, está uma família que acreditou primeiro”.
Esteja atento aos seus olhares para o mundo. Esteja atento aos olhares que recebe do mundo. E sempre esteja aberto para mudar qualquer olhar.
Por Matheus Racy Mariusso, cirurgião-dentista e palestrante.
Fonte: http://corujicedown.com.br/meu-filho-tem-sindrome-de-down-e-agora-dr/