Sempre falamos de como a pessoa com deficiência ainda é rodeada de conceitos, pré-conceitos e estigmas na sociedade. Isso fica muito claro quando falo para alguém que trabalho com este público, pois quase de maneira automática sou indagado com questionamentos sempre muito parecidos, perguntas repetidas que me mostram como ainda falta conhecimento da sociedade. E confesso que acho incrível poder responder todas estas perguntas inúmeras vezes, pois o questionamento é o que move o conhecimento de todos. Neste contexto, muitas pessoas querem saber como é a saúde bucal da pessoa com deficiência e quais são os principais problemas que acometem sua cavidade oral.
A parte mais importante desta resposta é entender que o termo ‘pessoa com deficiência’ abrange uma gama grande de pessoas, sendo impossível padronizar qualquer tema relacionado. Aliás, inclusão social está diretamente ligado ao fato de aceitar e entender as diferenças, portanto, é preciso se basear no fato de que cada ser humano é único para que não rememos contra o ideal de incluir.
Dessa forma, quando falamos de saúde bucal, podemos nos basear em dados epidemiológicos e até mesmo na experiencia clínica para fazer análises. Podemos então, sem padronizar, entender como grande parcela dessa população se apresenta em relação a saúde bucal. É possível verificar uma grande frequência de cárie dentária e de doença periodontal (inflamação e infecção da gengiva, osso e ligamentos).
Apesar de muitas pessoas não darem a devida importância, ambas doenças são graves e com o avanço causam a perda dos dentes, sendo ainda consideradas epidemias no Brasil. Além disso, a saúde bucal está intimamente ligada ao resto do organismo e qualquer foco infeccioso na boca pode representar um grande risco para a saúde sistêmica. É importante ressaltar que estas doenças podem ser prevenidas, e que a prevenção ainda é a melhor forma de tratamento.
Pode-se observar ainda, bruxismo, mudança na forma e quantidade dos dentes, outros tipos de infecção, problemas ósseos e de mordida, entre muitas outras alterações bucais, acontecendo com frequências e intensidades diferentes de individuo para indivíduo. Alguns deste problemas estão ligados inclusive a síndromes e a condições congênitas, devendo-se estar atento a estas relações para prevenção e tratamento.
Todas estas doenças e questões citadas precisam da análise e do acompanhamento de um cirurgião dentista. Por isso é tão importante ter um profissional responsável desde cedo, para que os tratamentos preventivos e curativos sejam realizados sempre que possível e necessários. O atendimento odontológico para pessoas com deficiência é uma realidade possível e um direito de todo, e pra isso devemos considerar todas as questões biológicas, sociais, psicológicas e respeitar acima de tudo .
Por Dr. Matheus Racy Mariusso